A quase-totalidade das lesões musculoesqueléticas é decorrente do trabalho; ou o contrário, praticamente nenhuma lesão é causada pelo trabalho
Demonstrar ou negar a origem de um transtorno musculoesquelético como sendo decorrente do trabalho é uma das tarefas mais difíceis que existem. Isso porque o transtorno pode ser causado por fatores de constituição física pessoal, por fatores extraprofissionais e pelo próprio envelhecimento. Mas também pode ser precipitado por condições inerentes ao trabalho, especialmente quando existe sobrecarga ergonômica.
Esta é uma armadilha frequente, que serve a ambos os lados: os que estão interessados em negar a participação do trabalho na origem dos transtornos irão exigir demonstrações científicas de nexo praticamente impossíveis de serem feitas.
Por outro lado, aqueles que estão interessados em demonstrar a origem do trabalho se escudam no termo “doença relacionada com o trabalho”. A solução medíocre comumente encontrada é a chamada concausa, que traz os menores prejuízos. Mas que, convenhamos, não é a melhor forma de conduzir o assunto sob o ponto de vista científico.
Recomendações
♦ Analisar detalhadamente cada caso em que essa dificuldade de estabelecimento de nexo se apresentar e buscar um parecer de consenso, após discussão dialética com profissionais tecnicamente capazes.
♦ Utilizar estudos epidemiológicos para nortear a definição da origem de determinados transtornos com o trabalho; uma das ferramentas mais úteis é o risco relativo, que compara a incidência do transtorno em determinado grupo profissional com a incidência em outro grupo profissional totalmente distinto; ou, se possível com populações totalmente distintas das que estão sendo pesquisadas.
♦ Outra ferramenta estatística adequada para essas situações é a determinação do quiquadrado e sua interpretação para definir se há ou não diferença entre o grupo populacional estudado e o universo.
♦ Evitar ao máximo o conceito da concausa.
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